Signific?ncia clínica da análise lipídica no tratamento da DRC
Mindray 2021-06-09
? amplamente aceito que a investiga??o laboratorial do metabolismo lipídico é clinicamente significativa para se estimar o risco de doen?a cardiovascular aterosclerótica (DCVAS) e orientar as decis?es a serem tomadas em nível terapêutico. Conforme recomendado pelas?Diretrizes ESC/EAS de 2019 para o manejo de dislipidemias, a análise de lipídios plasmáticos (por exemplo, TG, CT, HDL-C, LDL-C, apo B, Lp (a), etc.) e o tratamento adequado s?o as principais formas de reduzir o risco de eventos ASCVD.[1]
A doen?a renal cr?nica (DRC) é um dos principais problemas de saúde do mundo. A prevalência estimada de DRC é de 13,4% (11,7% -15,1%), e estima-se que existam entre 4,9 milh?es e 7,1 milh?es de pacientes com doen?a renal em estágio terminal necessitando de terapia renal substitutiva em todo o mundo.[2]
A maioria dos pacientes com DRC está em risco de doen?a cardiovascular acelerada e morte, e muitas das comorbidades cardiovasculares podem estar relacionadas à dislipidemia, embora haja diferen?as significativas em termos de popula??o, etiologias de dano renal, estágios de progress?o da doen?a e as interven??es terapêuticas. O nível, a composi??o e a qualidade dos lipídios plasmáticos podem ser afetados pela fun??o renal alterada. O padr?o lipídico característico em pacientes com DRC estágio 3 ou superior consiste em hipertrigliceridemia, níveis baixos de colesterol HDL, níveis baixos de Apo A1 e níveis variáveis de colesterol LDL e colesterol total. Os níveis de Lp(a) também podem aumentar em associa??o com a DRC.[1,4]
A hipertrigliceridemia na DRC resulta do catabolismo tardio de lipoproteínas ricas em triglicerídeos. A síntese de Apo A1 está reduzida em pacientes com DRC, e a ativa??o de LCAT pela Apo A1 também está diminuída. A matura??o dos precursores de HDL é consequentemente afetada. O aumento da Lp(a) é causado pela modifica??o pós-tradu??o de lipoproteínas relacionadas à DRC.
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Consequentemente, devido à rela??o entre DRC e dislipidemia, a avalia??o lipídica é sugerida para auxiliar no manejo da condi??o para muitos pacientes.
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A Organiza??o Doen?a Renal: Melhorando o Resultado Global (KDIGO) publicou suas diretrizes mais recentes em 2013. Conforme recomendado nas diretrizes de prática clínica, todos os adultos com DRC recentemente identificada (incluindo aqueles tratados com diálise cr?nica ou transplante renal) devem ser avaliados com um perfil lipídico (TG, TC, LDL-C e HDL-C). Testes de perfil lipídico em jejum s?o sugeridos, especialmente para pacientes com anormalidades lipídicas significativas conhecidas. Além disso, para alguns pacientes com DRC com menos de 50 anos, a análise lipídica pode ajudar a iniciar a terapia com estatinas e identificar quaisquer causas secundárias subjacentes de hipercolesterolemia grave e/ou hipertrigliceridemia.[5]
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Para pacientes submetidos a transplante renal, as dislipidemias podem ser muito comuns, o que os colocaria em alto risco de ASCVD e vasculopatia arterial do transplante. Recomenda-se que esses pacientes sejam avaliados quanto ao risco de desenvolver ASCVD, e uma análise lipídica completa é útil. Se o perfil lipídico voltar a um padr?o mais normal e essas mudan?as forem mantidas, o risco de ASCVD pode ser reduzido significativamente.?[6,7]
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Por outro lado, ao contrário da vigil?ncia do LDL-C envolvida no gerenciamento do tratamento da maioria dos pacientes, o monitoramento do nível de lipídios n?o é sugerido pelo grupo de trabalho KDIGO (2013) em pacientes com DRC com diminui??o da TFG devido à falta de evidências diretas. Como a TFG baixa é um fator de risco independente para DCVAS, a terapia estrita para redu??o de lipídios n?o mudaria o manejo médico ou reduziria o risco de eventos cardiovasculares maiores.[5]
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No entanto, alguns estudos revelaram que a redu??o do LDL-C é benéfica, pois reduz o risco cardiovascular de pacientes com DRC que n?o requerem diálise (incluindo receptores de transplante renal), enquanto outras diretrizes sugerem monitoramento de lipídios para garantir que a meta de redu??o do colesterol seja atingida.[4]?Portanto, a análise lipídica tem grande potencial no manejo de pacientes com DRC: na avalia??o da ades?o ao tratamento com estatinas, mudan?as na modalidade de terapia de substitui??o renal ou preocupa??es sobre a presen?a de uma nova causa secundária de dislipidemia, e até mesmo avaliar o risco cardiovascular de 10 anos em pacientes com idade < 50 anos e que atualmente n?o recebem estatina.[5]
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Resumindo, a análise lipídica desempenha um papel crucial na redu??o dos riscos de DCVAS, embora o teste lipídico seja bastante complicado em pacientes com DRC, uma condi??o médica comum em todo o mundo. Todos os pacientes com DRC recém-identificada devem ser submetidos à análise de lipídios, e muitos desses pacientes poderiam se beneficiar de interven??o médica baseada no monitoramento de lipídios.
Referências:
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[1] Fran?ois Mach, et al. 2019 ESC/EAS Guidelines for the management of dyslipidaemias: lipid modification to reduce cardiovascular risk. European Heart Journal, 2020(1)41, 111–188, https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehz455
[2] Lv JC, Zhang LX. Prevalence and Disease Burden of Chronic Kidney Disease. Adv Exp Med Biol. 2019; 1165:3-15. doi: 10.1007/978-981-13-8871-2_1
[3] Webster, A., Nagler, E., Morton, R. et al. Chronic kidney disease.The Lancet. 2017; 389: 1238-1252. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)32064-5
[4] Ferro, C.J., Mark, P.B., Kanbay, M. et al. Lipid management in patients with chronic kidney disease.Nat Rev Nephrol. 14, 727–749 (2018). https://doi.org/10.1038/s41581-018-0072-9
[5] Wanner C, Tonelli M, et al. KDIGO Clinical Practice Guideline for Lipid Management in CKD: summary of recommendation statements and clinical approach to the patient. Kidney Int. 2014 Jun;85(6):1303-9. doi: 10.1038/ki.2014.31
[6] JJennifer L Larsen, et al. Lipid Status After Pancreas-Kidney Transplantation. Diabetes Care Jan. 1992, 15 (1) 35-42; DOI: 10.2337/diacare.15.1.35
[7] Claudio Ponticelli, et al. Treatment of dyslipidemia in kidney transplantation. Expert Opinion on Drug Safety. (2020) 19 :3, 257-267, DOI: 10.1080/14740338.2020.1732921
